segunda-feira, 5 de julho de 2010

Resenha de Antes Que o Mundo Acabe

Confira esta interessante resenha do filme do blog Insensatez

Antes que o Mundo Acabe (2009), de Ana Luiza Azevedo ****

Uma dos sócios da Casa de Cinema de Porto Alegre, Ana Luiza Azevedo tem carreira importante nos curtas - assistente de direção em O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda (1086), de Jorge Furtado e João Pedro Goulart; direção com Jorge Furtado de Barbosa (1988); entre outros. Com esse Antes que o Mundo Acabe ela estreia, finalmente, como diretora de longas. E estreia muito bem. Em 2009/2010 o cinema brasileiro tem sido generoso com o universo dos adolescentes, o que nem sempre foi em sua história, ainda que haja um público imenso a ser explorado. Depois dos belos "Os Duendes e os Famosos da Morte" (2009), de Esmir Filho, e As Melhores Coisas do Mundo (2009), de Laís Bondanzki - todos estreando nesse ano - chegou a vez de mais um filme que aborda esse tumultuado momento de nossas vidas, sem abrir mão de canal de interesse também para os adultos. No filme a história do garoto Pedro Tergolina e seu dia-a-dia em um cidade do interior de Porto Alegre: as relações familiares - mãe Janaína Kremer, padrasto Murilo Grossi, irmã Caroline Guedes; amorosa - Bianca Menti; e de amizade - Eduardo Cardoso. E também o difícil reencontro com o pai ausente - Eduardo Moreira. Muito da força do filme vem do bom elenco, que compõe curiosa geografia: todos os garotos são do sul - e passaram por preparador de elenco; Kremer também do sul; Grossi de Brasília; e Moreira de Belo Horizonte - ator do Grupo Galpão. O filme mostra que há muitas possibilidades de atingir e retratar o universo dos adolescentes, com boas histórias e roteiros inteligentes, e em muito decibéis acima do ar mauricinho/patrícinha dos Malhações da vida. O grande achado de Ana Luiza Azevedo, que também assina o roteiro com os parceiros da Casa de Cinema Giba Assis Brasil e Jorge Furtado, mais Paulo Halm, foi inserir a discussão de questões éticas nesse universo - roubar balas pode, mas computador não? Não é a mesma coisa? questiona uma dos adolescentes em certo momento. Em fase em que tudo parece definitivo, em que as dores parecem ser as maiores do mundo, e que a vontade e o medo de crescer caminham embaralhados, a adolescência pode ser retratada por esses e outros inúmeros pontos de vista e não apenas via estética de joguinhos eletrônicos ou em fantasias encharcadas de efeitos especiais. Há de se ter um olhar humanista sobre isso tudo, o que, felizmente, o cinema brasileiro vem começando a fazer mais generosamente. E o resultado, pelo menos nesses três filmes citados aqui, aponta para caminhos no mínimo interessantes. Bela e premiada estreia - seis prêmios no II Festival de Paulínia, dentre eles o de direção para Ana Luiza Azevedo.


Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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